terça-feira, 28 de agosto de 2012

Homem-Aranha - Um cinquentão com espinhas no rosto.


O Homem-Aranha poderia ser a imagem de uma nova tendência, o perfil de um quase anti-herói em sintonia com os novos tempos”.
Stan Lee.

A frase acima explica apenas uma pequena parcela em torno da grande teia de influência que o Homem-Aranha exerce na atual cultura pop. Nunca um personagem de historia em quadrinhos causou tanta emoção e, sobretudo identificação entre os leitores. Mesmo depois de passados cinquenta anos de sua criação, o herói ainda encanta gerações de crianças e adolescentes, que partilham com ele as inseguranças e frustrações da puberdade. O cabeça de teia não é um encapuzado bilionário e muito menos veio de outro planeta. Ele é igualzinho a eu e você. Passa pela fase mais conturbada da vida e tem espinha na cara.


Talvez por ser humano demais, ele quase foi recusado pela Marvel. Na época, o hoje idolatrado Stan Lee teve a ideia de criar um super-herói com o qual os leitores se identificassem. Foi ai que surgiu o Homem-Aranha. Ao apresentar o personagem a Martin Goodman, chefão da Marvel naquele tempo, Lee não conseguiu entusiasmar o patrão, Goodman disse que super-heróis não poderiam ter problemas humanos, e ainda falou que “as pessoas detestam aranhas!” Mesmo assim, Stan o convenceu a deixa-lo publicar uma historinha no 15º e ultimo numero da discreta revista “Amazing Fantasy”. Para desenhar o gibi, Lee convocou o incansável Jack”king” Kirby, só que, segundo o roteirista, os desenhos de Kirby deixaram o herói bastante musculoso, longe do perfil de um adolescente. Foi então que ele recorreu a Steve Ditko. Steve se baseou nos esboços de Jack, porem, tornou o Homem-Aranha mais magro e parecido com um adolescente. Pronto, Faltava apenas publicar a historia. E a Marvel o fez, em agosto de 1962, exatamente há 50 anos. O sucesso foi imediato. Pela primeira vez os leitores de gibis puderam se identificar de cara com um super-herói. A idade, aparência, timidez, os medos e acima de tudo a esperança de que dias melhores virão. Tudo isso é apenas uma amostra das características que Peter Parker possui. Que nós também possuímos.


Convencidos do potencial do herói, a Marvel lançou em 1963 a primeira revista própria dele que dura até hoje. “The Amazing Spider Man” foi o gibi que mais vendeu nos anos 60.  A contracultura se destacava, as pessoas lutavam por seus direitos, e temas e tabus começavam a ser debatidos. Stan Lee aproveitou o embalo e tratou de temas como as drogas e a guerra do Vietnã nas paginas da revista do aranha. Essa iniciativa do inventivo escritor influenciou outras HQs, ate mesmo as da rival Dc Comics.




Lendo as antigas historias do nosso querido amigo da vizinhança, percebe-se a genialidade na construção do personagem que cerca Peter Parker. Nunca se viu em qualquer outro gibi, figuras tão carismática e envolvente. Eles são gente igual ao seu vizinho ou ao seu professor, pessoas como as que nos esbarramos em nosso dia-a-dia, mas talvez o mais brilhante na concepção de Lee seja o próprio Parker. Ao vestir a mascara, o garoto esquece os seu sofrimento, deixa a timidez de lado e se liberta, ao ponto de soltar piadas infames e fazer coisa coisas que sempre sonhou, mas nunca imaginou fazer. Quantos de nós nunca sonhou viver um mundo assim? 

Por: M.Junior

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