Existem certos filmes que parecem não envelhecer. Quanto
mais os anos passam, mais a mensagem presente neles se fortalece e se mantém
atual. Talvez o melhor exemplo desse tipo de filme seja o clássico “E.T. –
Extraterrestre”. Sem sombra de dúvida, o filme marcou a infância de muita
gente, e continua marcando, mesmo depois de três décadas de existência. O longa
é um documento fiel de uma época em que o cinema ainda mexia com a emoção das
pessoas, e o retorno financeiro não era prioridade. Com uma história divertida
e comovente, “E.T.” é capaz de reunir a família inteira no sofá e agrada tanto
as crianças como os adultos.
Steven Spielberg sempre sonhou em fazer o filme, ele só pode
planejar o seu antigo sonho quando terminou “Contatos Imediatos de Terceiro
Grau” e dirigiu “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida” do amigo George
Lucas. Convidou uma aspirante a roteirista chamada Melissa Mathison para fazer
o script. Melissa quase recusou o convite, afinal, dizia ela, não era
escritora, mas tinha um baita talento. Graças a ela, grande parte da trama
final foi concluída, e muita coisa desnecessária do roteiro de Spielberg foi
apagada. Concluído roteiro, faltava agora criar o visual para o alienígena que
leva o nome do filme. Perfeccionista como sempre, Spielberg queria que o E.T.
se diferenciasse de todos os aliens já vistos no cinema. Não queria que ele
fosse uma pessoa vestida com um macacão, pensando nisso, recrutou o designer
italiano Carlo Rambaldi. Rambaldi foi o responsável pelo visual bizarro do
bichano e também pela manipulação do boneco mecânico do personagem. Só para
criar os movimentos do boneco, eram necessárias mais de cinco pessoas. Em
algumas cenas, dois anões e um garoto de pernas amputadas tiveram que fazer o
alienígena, vestidos à caráter.
Spielber foi cuidadoso na escolha do elenco. A primeira
atriz contratada foi Drew Barrymore, que ganhou o papel da irmã de Elliott,
Gertie. Drew tinha apenas seis anos na época, e chegou a chorar de verdade nas
cenas dramáticas do filme. Logo depois Dee Wallace ficou com o papel da mãe de
Mary, Robert Macnaughton do irmão mais velho Michael, e finalmente Henry Thomas
como o protagonista Elliott.
Pode-se notar que o filme é centrado no universo infantil.
Durante a primeira metade do longa, os adultos são mostrados apenas da cintura
para baixo, com exceção da mãe, Mary. Quando a história ganha um clima sombrio,
os adultos aparecem inteiros, dando a impressão de que corromperam os sonhos
das crianças. O filme também tem um toque autobiográfico de Spielberg. Os
personagens principais têm os pais divorciados (durante o filme, dizem que o
pai está no México com Sally), situação que o diretor sofreu na infância. O
E.T. surge na vida de Elliott para preencher o espaço deixado pelo pai.
Completando trinta anos, “E.T.” emociona nos contando a
história da amizade de um garoto com um alienígena, e o esforço de ambos para “telefonar
para casa”. Com cenas memoráveis, como o passeio de bicicleta ao luar e a
despedida final, o filme é uma daquelas lembranças do que vivemos de melhor na
infância.
Por: M. Júnior
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